O fechar de uma porta pode significar o abrir de uma outra. E, tendo a coragem de por ela passar, por vezes, encontram-se caminhos nunca antes percorridos. Ou, neste caso, navegados. Que o diga Norberto Mourão, atleta da paracanoagem ‘leonina’, que, depois de se ver obrigado a passar o tempo numa cadeira de rodas, descobriu uma nova paixão ao comando dos caiaques.
A qualificação para os Jogos Paralímpicos é o grande objectivo da época. O ‘leão’ começou na paracanoagem em 2011, depois do acidente de mota sofrido em 2009, quando se dirigia para casa. O apoio recebido nos primeiros tempos foi preponderante, antes de iniciar a sua ligação ao Sporting, durante o ano passado. Ele, que sempre foi Sportinguista, trouxe consigo o treinador Ivo Quendera e o recorde nacional em Europeus da modalidade. “Fiquei em quinto, numa prova realizada em Portugal. É um orgulho, mas teve um sabor um pouco amargo porque em casa queremos sempre mais”, explica Norberto Mourão, que, nos Mundiais de Milão, ficou a sete milésimos de segundo da entrada no Projecto Paralímpicos Rio 2016.
“Nesse Mundial, foi a primeira vez que competi com um barco leve. O problema foi o facto de não estar habituado a ele. Da primeira vez que fui para a água com o barco, senti-me muito instável e mal me conseguia equilibrar. Senti muitos desequilíbrios por estar numa embarcação mais leve e estreita, mas fiz o que pude”, explica o ‘leão’, que, na Taça do Mundo de Maio, já poderá estar na sua máxima força. Assim, a confiança é inabalável. “Essa prova tem a mesma importância da outra, só que é a última oportunidade. Restam quatro vagas, as primeiras seis já foram e agora é uma questão de fazer tudo bem. Eu acredito, o meu treinador acredita e todos os que nos acompanham também”, afirma.
Na paracanoagem, para além da capacidade do atleta, também as características da embarcação e a qualidade da preparação contam muito no resultado final de uma prova. Juntando os três factores, os astros parecem alinhar-se para indicar a Norberto Mourão o caminho para o Rio de Janeiro. “É uma questão de adaptação, até porque, com este barco, consigo aguentar--me mais tempo e realizar treinos mais duradouros do que em anos passados, com outras embarcações”, conta o paracanoísta ‘verde e branco’. Assim, o importante agora é transformar atleta e barco num só e concentrar energias para garantir a qualificação para o Rio. Depois? “Depois disso, logo se vê como corre a ida ao Rio. É uma questão de lá chegar e dar tudo para conseguir o melhor possível”, conclui Norberto Mourão.