Sara Moreira começou a praticar atletismo no NA Roriz, tendo posteriormente representado o FC Porto e o Estreito, onde esteve até 2007. Durante a sua formação, a atleta foi quatro vezes consecutivas vice-campeã nacional de Corta Mato – duas em juvenis e duas em juniores – e campeã nacional juvenil nos 1.500 e nos 3.000 metros. O seu primeiro grande título chegou quando se sagrou campeã de Portugal nos 3.000 metros obstáculos, depois de obter os mínimos necessários para os Mundiais de Osaka. Os seus excelentes registos transferiram-na para o Maratona, onde se tornou numa das melhores fundistas portuguesas e tem construído uma carreira invejável: dois títulos de campeã de Portugal nos 5.000 metros (2014 e 2015); um dos 10.000 metros (2015, com a segunda melhor marca de sempre); quatro nos 3.000 metros obstáculos (2007, 2008, 2009 e 2011); e dois nos 1.500 metros (2010 e 2012). Em pista coberta, foi seis vezes campeã de Portugal nos 3.000 metros (2007, 2008, 2009, 2010, 2013 e 2016) e duas vezes nos 1.500 metros (2011 e 2013). No ano de 2008, bateu o recorde nacional dos 3.000 metros obstáculos e, em Pequim, estreou-se nos Jogos Olímpicos. É importante referir a conquista da medalha de ouro nos Jogos da Lusofonia, em 2009, na categoria dos 5.000 metros. Conquistou a medalha de bronze no Campeonato da Europa realizado em Barcelona, em 2010 e, mais recentemente, a medalha de ouro na meia maratona do Campeonato da Europa de Amesterdão.
Tinha como grande objectivo terminar a maratona de Nova Iorque, realizada em 2014, mas a boa preparação que teve para a prova pregou-lhe uma surpresa e conquistou a medalha de bronze. “Senti que não podia deixar escapar esta oportunidade de participar numa das melhores provas do Mundo. Vinha numa altura boa porque ainda estávamos longe dos Jogos Olímpicos e, se algo corresse mal, tinha tempo para recuperar”, explicou Sara Moreira, atleta que, nessa semana, baptizou o filho Guilherme, assinou pelo Sporting CP e arrecadou o pódio na maratona de Nova Iorque.
A atleta ‘leonina’ tinha estado muito tempo sem competir, devido à gravidez, e as condições do dia da maratona não adivinhavam uma classificação tão boa. “No dia da maratona estava muito desagradável para correr, os próprios membros da organização diziam que nunca tinham tido um clima tão mau como aquele em dias de maratona. Foi o dia mais frio em Nova Iorque depois do Verão. Penso que acabou por dar ainda mais valor à minha prestação”. Para Sara, o nascimento do seu filho foi um grande salto para o fim de um mito. “Havia muito esse estigma no mundo do atletismo e em Portugal ainda se mantém, se bem que menos, se compararmos com o que acontecia há alguns anos. Não existe nenhum caso como o meu no nosso País. Já houve quem tivesse um filho e corresse de novo mas foi por muito pouco tempo e sem qualquer objectivo de continuar ao mais alto nível. Eu pretendo correr muito mais tempo”, revelou. Se em Portugal é um exemplo único, no estrangeiro há já vários casos de sucesso de atletas que engravidaram e que, não só voltaram ao mais alto nível, como também venceram provas. Sara Moreira já faz parte dessa lista visto que, depois da excelente marca que alcançou em Nova Iorque, participou na maratona da República Checa, em maio passado, terminando em segundo lugar e batendo um recorde pessoal. Neste momento, e já qualificada para os Jogos Olímpicos Rio 2016, o horizonte afigura-se risonho para a atleta de Roriz, terra onde nasceu.