Jogava futebol em São João da Talha, mas só porque gostava de correr. Ir parar ao atletismo não foi difícil. Foi tudo uma questão de tempo, mesmo passando de um desporto colectivo para um individual. Em 2011, juntou-se ao Sporting: “Fui treinar ao Estádio 1.º de Maio, o Professor José Fonseca viu-me e convidou-me para o Sporting. Nunca fiz estrada. Como desporto, embora tenha a vertente individual, há muita entreajuda por termos todos idênticos objectivos: atingir marcas. O ambiente é sempre muito familiar e agradável. O aspecto mais negativo é o facto de todos querermos ganhar e querermos ser os melhores. É uma rivalidade que não me parece tão positiva assim, mas faz parte”. Esta é a história, ainda curta, da jovem Salomé Afonso, grande esperança ‘leonina’ que se sente como peixe na água nos 400 e 800 metros e como uma ‘leoa’ fora da jaula na hora de representar o Sporting.
“Tenho aqui grandes amigos e grandes atletas, isso orgulha-me imenso. Ter o privilégio de treinar e conviver com eles”. As referências revelam isso mesmo. Para Salomé, contam os que a rodeiam. “A Sandra Teixeira e a Marta Pen são as atletas que mais admiro. Acho que tenho grandes exemplos ao meu lado, não preciso de recorrer a atletas internacionais”, salienta. Fora das pistas é o estudo que naturalmente vai ocupando grande parte do tempo, ainda que Salomé tenha disponibilidade para fazer tudo o que pretende. “Nem sempre é fácil, mas quando queremos conseguimos conciliar. Claro que é necessário abdicar de algo, mas ainda assim vou conseguindo fazer um pouco de tudo. Saio com os amigos, dedico-me muito aos estudos e vou percorrendo todas as etapas de preparação para as provas de atletismo”, rematou.
Sendo muito jovem – é uma atleta ainda júnior, apesar de já competir nos seniores e de ter vencido nos 400 metros no Campeonato Nacional de Clubes de Pista Coberta, em Pombal, no ano passado – Salomé Afonso já teve uma experiência internacional e recorda-se de todos os pormenores como se tivesse sido hoje. “Foi em Utrecht, na Holanda, há dois anos. Representei a Selecção Nacional no Festival Olímpico da Juventude Europeia. Não estava habituada àquele ambiente, com uma orgânica tão grande. Como não estava à espera acabou por ser tudo muito emocionante. Guardo todos os momentos que lá passei com muito carinho e se fosse possível voltaria a viver tudo de novo”. O objectivo é, também por isso, atingir marcas de qualificação para as próximas provas internacionais. “Todos os atletas deste nível têm grandes objectivos. Apuramentos para os Europeus, Mundiais, Jogos Olímpicos... Pretendo dar um passo de cada vez”, confessou a atleta que não esquece os grandes nomes do atletismo ‘verde e branco’. “Não sou muito boa em datas e nunca convivi com grandes ex-atletas, mas sei que o Professor Moniz Pereira foi um grande exemplo para todos os atletas do Sporting, assim como os professores Carlos Silva ou José Fonseca e, claro, o Carlos Lopes”, finalizou.
No seu palmarés, já guarda alguns títulos importantes: em 2015, foi campeã de Portugal nos 800 metros em pista coberta e ao ar livre; marcou presença nos Europeus de juniores que se disputaram na Suécia, onde foi terceira classificada; este ano, já foi campeã nacional de juniores nos 400 metros e nos 800 metros em pista coberta. Uma ‘leoa’ que tem todo o potencial para estar presente no Rio de Janeiro, em Agosto, para a 31.ª edição dos Jogos Olímpicos de Verão.