Em 1984, João Vieira tinha oito anos. Segundo o próprio, foi aí que estabeleceu um objectivo para o futuro ou, como o refere, um sonho. “Desde 1984, ano em que Carlos Lopes ganhou a medalha de ouro nos Jogos de Los Angeles, o meu sonho sempre foi ir aos Jogos Olímpicos. A marcha deu-me esse prazer de concretizar um sonho e de ter resultados de excelência”, diz orgulhosamente o marchador do Sporting CP que cumpriu no passado dia 20 de Fevereiro 40 anos.
João Vieira bateu praticamente todos os recordes que tinha para bater. Ganhou todas as provas que tinha para ganhar. Mas a carreira do atleta ‘leonino’ não se limita ao facto de acabar quase sempre primeiro as provas do que os seus adversários. É que entre eles, João Vieira contou desde 2006 com o seu irmão gémeo, actual marchador do Benfica, Sérgio Vieira. “Desde 2006 houve uma separação e neste momento somos rivais, tem sido uma luta bastante grande”, afirma. Acerca de vantagens ou alianças que possam daí existir, João Vieira é perentório: “Dentro da prova é cada um por si. Não há alianças para ninguém! É tentar ganhar o melhor”.
Sportinguista desde pequenino – como faz questão de sublinhar –, o atleta ‘verde e branco’ está de momento a preparar-se para os últimos Jogos Olímpicos da sua carreira. Sobre o futuro diz saber pouco, mas afirma que este pode vir mesmo a ser o último ano da sua carreira. “Fiz agora 40 anos e já são mais de 20 a representar o País, é difícil continuar no alto rendimento”, admite.
Certo será que, até se retirar, e seja neste ano ou noutro, João Vieira poderá contar com o apoio da esposa Vera Santos, também ela atleta de marcha do Sporting CP, que o próprio treina. “Foi a marcha que nos juntou. Éramos colegas de treino há muitos anos, começámos a namorar e neste momento vivemos juntos. Neste momento trabalhamos em conjunto, eu sou treinador dela e ela também me ajuda nos meus treinos”.
Não foi a correr como Carlos Lopes em 1984, mas João Vieira, a marchar, chegou provavelmente mais longe do que alguma vez sonhou. O Rio de Janeiro poderá ser o último grande palco desta história onde encontrou, entre as estradas e as pistas, tanto resultados incríveis como a mulher com que casou.
Em 2016, ano em que juntou os mínimos olímpicos dos 50km marcha aos de 20km marcha, conseguiu mais títulos nacionais, provando que a idade é um posto. Venceu as provas de 5.000 metros marcha do Campeonato Nacional de Clubes de Pista e do Campeonato Nacional de Clubes de Pista Coberta, onde o Sporting CP terminou na segunda posição colectiva.